💌 Carta VIII – O Tempo do Consenso
Minha querida Mariana,
Escrevo-te de Beja, onde o tempo político voltou a agitar-se — não com tempestades, mas com ventos que pedem equilíbrio e bom senso.
Depois das eleições, as forças partidárias sentaram-se à mesa, tentando encontrar caminhos para a governação da cidade.
E, como sempre, as conversas misturam esperança e desconfiança, vontade e orgulho, passado e futuro.
No sábado, reuniu-se a coligação “Beja Consegue” (PSD/CDS/IL) com o Partido Socialista, procurando um entendimento possível.
Falou-se em diálogo, falou-se em partilhar responsabilidades, falou-se até na hipótese de o PS assumir o pelouro da Educação.
Mas a concelhia socialista recusou, lembrando que há quatro anos, quando o cenário era inverso, a mesma coligação não quis partilhar caminho.
E assim, as pontes que poderiam unir, voltam a erguer-se em muros.
Mariana, é nestes momentos que a maturidade democrática se põe à prova.
As eleições são a voz do povo — e o povo escolheu.
Escolheu uma nova liderança para a capital de distrito, e essa escolha recaiu na coligação dirigida pelo professor Nuno Palma Ferro.
Nada há de anormal nisso: é o curso natural da democracia.
Quem vence deve governar; quem não vence deve fiscalizar, contribuir e propor.
É assim que as terras crescem e as cidades respiram.
Mas também é verdade que, se a ideia fosse colocar todos “na mesma equipa”, como agora se ouve, não teríamos tido eleições.
Ter-se-ia apresentado uma lista única, sob um lema simples e transparente: “Todos por Beja.”
Mas não foi isso que aconteceu.
Cada força apresentou o seu projeto, os cidadãos votaram, e o resultado é o que é — legítimo e claro.
Agora, o que se pede não é unanimidade, é consenso responsável: governar com diálogo, mas sem abdicar das diferenças que o voto consagrou.
Mariana, não há nada de mais belo na política do que ver adversários respeitarem-se, sem deixarem de sê-lo.
Beja precisa disso — serenidade, trabalho e compromisso.
As forças de bloqueio apenas atrasam o futuro; o entendimento construtivo é o que o acelera. E, como de costume, a planície observa tudo com paciência.
Ela sabe que o tempo cura as vaidades e revela as intenções.
E talvez, um dia, Mariana, essa lição chegue a todos — que governar não é possuir o poder, é merecê-lo todos os dias.
Com serenidade e fé na razão,
O Cavaleiro das Planícies
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Desafio-te a começar assim:
“Minha querida Mariana…”